quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Crítica: O Fada dos Dentes


O Fada do Dente

O Fada dos Dentes
um filme para banguelas

Pra quem estranhou (em fins de 2009) a falta dos edificantes filmes natalinamente americanos, que geralmente inundam as salas de cinema, pode agora se contentar com a “comédia” infantil O Fada do Dente (Tooth Fairy, EUA, 2009), de Michael Lembeck, que deve agradar os fãs do insosso Dwayne Johnson. Ela segue a velha premissa de que em “comédia” que ainda vende, com todos os seus (re)batidos clichês, não se mexe. Mesmo (ou talvez por isso) que dirigida a um público infantil, não muito exigente, que pode acabar se cansando da mesmice.

Derek Thompson (Dwayne Johnson) é um famoso jogador de hóquei, conhecido como O Fada do Dente, pela sua especialização em quebrar dentes dos jogadores adversários, com toda truculência “esportiva” exigida pelo torcedor americano, que fica em êxtase ao conseguir agarrar um dente arrancado. Mas, acusado pela matriarca do Reino das Fadas de Dente, Lily (Julie Andrews), de criticar os sonhos e as fantasias das crianças, vai se tornar um verdadeiro Fada do Dente e condenado a recolher dentes de leite, durante duas semanas, vestido como um Fada, com direito a asas e varinha mágica. Derek namora Carly (Ashley Judd) que tem dois filhos, Randy, um enciumado e solitário adolescente, que não tem paciência com os namorados da mãe, e Tess, uma inocente garota de cinco anos que adora Derek. Assim, entre um namoro, uma briga, uma desavença aqui e um jogo ali, e entre uma birra e implicância acolá, Derek aprende a dar um novo sentido à sua vida, revendo os seus próprios (pre)conceitos.

O Fada do Dente é um filme pretensioso que peca, do começo ao fim, pela falta de imaginação. Quer inovar um tema extremamente explorado, como o do Fim do Mundo Encantado, mas carece de encanto, de magia, de fantasia, de poesia..., e até mesmo de razoável e convincente atuação de todo o elenco. Com uma direção fraca, cenografia medíocre e um figurino de peça infantil de ensino fundamental, O Fada do Dente se arrasta com suas velhas piadas sem graça (incluindo as indefectíveis escatológicas de banheiro) e muitos trocadilhos infames: FaDarwin!. O roteiro é uma espécie de lenda da Fada doida. De uma hora pra outra o idiota (aprendiz) vira o esperto e o esperto (mestre) vira um imbecil e o Mundo das Fadas se rende às tolices do Mundo Esportivo dos Homens. E pensar que, com a recente crise econômica americana, daria pra deitar e rolar com situações engraçadíssimas envolvendo as fadas capitalistas... Acho que isso é roteiro pra outro voo.

Ah, pra quem não sabe, vale esclarecer que o mito da Fada dos Dentes, do ponto de vista norte-americano, é um mito capitalista. A criança, em sua “inocência” troca o seu dente de leite (debaixo do travesseiro) por uma nota de um dólar, deixado por uma bondosa Fada (ôps, cacófato!). Digo vender o dente de leite por um dólar pago por uma Fada bondosa (e bota bondosa nisso!). E lembrar que, quando criança, ficava de costas e (pés fincados no chão) jogava os dentes no telhado de casa. Nunca ganhei um centavo com os meus doces dentes usados e nem imagino que fim tiveram.

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