quinta-feira, 24 de junho de 2010

Crítica: O Escritor Fantasma


O Escritor Fantasma
um Polanski menor

O Escritor Fantasma (The Ghost Writer, Reino Unido, 2010), de Roman Polanski, é um thriller político curioso, mas muito aquém do talento do seu polêmico diretor. A narrativa, com situações pouco convincentes (e previsíveis), que levam a um final deplorável, fala de um escritor (Ewan McGregor) que aceita a incumbência de ser o “ghost writer” (o verbalizador das idéias ou criador, na falta delas) do livro de memórias de Adam Lang (Pierce Brosnan), um dissimulado ex-Primeiro-ministro inglês. O escritor (sem nome), na verdade, é contratado para finalizar ou reescrever a obra, praticamente pronta, de outro “ghost writer” (encontrado morto numa praia), em troca de um valor muito convidativo. Ao viajar aos Estados Unidos, onde se encontra “temporariamente” o político, ele logo vai descobrir que, nas entrelinhas da memória de alguns personagens pouco citados, mora um perigo que, aflorado pela sua curiosidade, poderá ser devastador.

Baseado no livro The Ghost, de Robert Harris, “livremente” inspirado nas relações belicosas (e perigosas) do ex-premier britânico Tony Blair com o ex-presidente Bush, o filme, que tem roteiro de Polanski e Harris, pretende uma história de bastidores políticos até possível, mas risível, envolvendo “inteligências”. Ele tem um começo promissor, mas, apesar do seu tom de dúbia ironia, depois de certo tempo começa a perder o encanto e, após um esperado evento trágico, degringola de vez. É uma pena. A impressão é a de que no meio do caminho faltaram idéias e o clima hitchcockiano, que permeia a história, não passa de um preciosismo (realmente) descartável.


Longe de ser uma metáfora ou sátira política, a trama de O Escritor Fantasma, sem nenhuma grande novidade que justifique tal suspense, é conduzida por uma música óbvia, mas que (felizmente) não consegue contaminar a excelente fotografia de Pawel Edelman. Há um ou outro diálogo interessante e boas atuações de um elenco afiado. O destaque fica com McGregor e seu “metamorfo” fantasma/investigador que, por conta dos vacilos do roteiro, só perde o rumo quando se dá conta (tarde demais) de que não era tão fantasma quanto imaginava. Se bem que, diante da “revelação” final, quem costuma ler ou ver ou ouvir jornais se perguntará: tanto barulho por isso? Enfim, um filme mediano para um público fã e não muito exigente.

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