quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Crítica: A Lenda dos Guardiões



A Lenda dos Guardiões (Legend of the Guardians: The Owls of Ga’Hoole, EUA, Austrália, 2010) não é apenas uma épica história de heróis geniais e grandes vilões, mas, também, uma das mais espetaculares viagens ao mundo da fantasia, em 2010. A animação, baseada nos três primeiros livros (A Captura, A Jornada e O Resgate) da série infanto-juvenil Guardians of Ga’Hoole, de Kathryn Lasky, dirigida por Zack Snyder, o competente diretor de 300 e Watchmen, é cheia de ação e de efeitos especiais de tirar o fôlego.

O filme conta a curiosíssima história do jovem Soren e de como ele descobriu a verdade por trás das épicas lendas contadas pelo seu pai Noctus, sobre os guerreiros alados Guardiões de Ga’Hoole, que se ocupavam em manter a ordem no Reino das Corujas. Numa memorável idade do bronze, Soren ainda não tem domínio de vôo, assim como seu ciumento irmão Kludd. Certo dia, num desafio, os dois caem da árvore e são “salvos” pelos Puros, grupo de corujas adultas (nada benevolentes) que sequestra as mais jovens para um terrível propósito. Caberá a Soren, escapar e iniciar uma longa jornada, rumo à Grande Árvore de Ga'Hoole, onde viveriam os lendários Guardiões, em busca de ajuda para libertar todas as corujas escravizadas e frustrar o plano maligno dos Puros. Além do seu bom senso, ele vai contar com o precioso apoio de Gylfie, um dos prisioneiros na Academia St. Aegolius para Corujas Órfãs, e dos novos amigos, Crepúsculo e Digger. Se a existência dos Guardiões é verdadeira ou não, o herói só vai descobrir ao fim da difícil viagem.


A Lenda dos Guardiões é daqueles filmes que encantam pela graça e veracidade dos personagens. A qualidade técnica (na criação minuciosa de cada coruja) é tão impressionante que ao final a gente espera que apareçam aqueles dizeres: nenhuma ave ou animal foi ferido ou sofreu maus tratos durante a filmagem. Ao vê-las agindo com tanta naturalidade, exalando graça ou violência, bondade ou malícia, é impossível não se agradar até mesmo do visual das corujas malévolas. São más, mas sem perder a beleza. O que faz lembrar um velho provérbio que sintetiza o belo, o feio e o “livre” arbítrio: Quem vê cara não vê coração.

A lenda de heróis e bandidos, protagonizada apenas por corujas, tem todos os ingredientes para agradar aos meninos, mas não deve dispensar as meninas, desde que elas fechem seus delicados olhinhos nas cenas fortes de combates aéreos. É um típico filme de capacetes (bem talhados) e garras de aço (bem afiadas), onde não faltam intrigas, batalhas espetaculares e, também, onde os sonhos, as fantasias se tornam reais e muito além da imaginação. E pra quem faz questão (não que isso importe), tem ainda mensagens edificantes sobre amizade, família etc.


Ao entrar na sala, esqueça aquela história de que bichinho engraçadinho carnívoro não come outro bichinho engraçadinho em filme de animação (ou não). Aqui também vale a lei natural. Não sei o quanto os roteiristas John Orloff e Emil Stern foram fiéis à série literária (que ainda não li), mas, vendo a cópia (em excelente 3D) dublada, e talvez por isso, senti falta de um pouco mais de humor na trama forte. A animação tem uma ótima narrativa (apesar de um ou outro entrave) e cumpre o seu papel de divertir, maravilhar e, com certeza, despertar o interesse pela leitura da obra original. Se houver continuidade cinematográfica (já que o final ficou em aberto) e a qualidade for mantida, o público espectador, de todas as idades, ficará muito agradecido.

Nota: a série A Lenda dos Guardiões, da escritora norte-americana Kathryn Lasky, começou em 2003 e terminou em 2008, totalizando 15 livros. Os três primeiros: A Captura, A Jornada e O Resgate, já foram lançado no Brasil pela Editora Fundamento.

4 comentários:

  1. Vi hoje em 3D no IMAX. É um ótimo programa para levar a petizada. Mas cá entre nós, a cena da corujinha vomitando restos de um rato é nojenta, ainda mais quando você ainda está comendo pipoca.

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  2. Olá, Antunes.
    A Lenda dos Guardiões tem encantado e também incomodado, por conta da naturalidade, alguns espectadores. Segundo os gerentes das salas de cinema, muitos pais vão reclamar das cenas de violência que assustam algumas crianças.
    E já que a censura é livre, eles tomaram a iniciativa de avisar que o filme tem cenas fortes.
    Quanto ao vômito, não me incomodou. Fiquei tão maravilhado com tudo, que me passou batido. E também não como pipoca no cinema. Geralmente nas "cabines" não servem nem água.
    E por falar nisso,tenho visto gente entrar com pacotaços de pipoca e copaços de refrigerante pra ver o Tropa de Elite (que não vi), que, com certeza, deve ser mais perturbador e nojento, pela sanguinolência.

    Abração.
    T+
    Joba

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  3. Também ainda nao vi Tropa 2. Estou esperando diminuir um pouco as filas para não enfrentar salas tão cheias. Mas quem viu me disse que o primeiro é mais violento ou talvez o segundo já não cause tanto choque. Aguardo sua crítica sobre Tropa 2.

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  4. Olá, Antunes.
    Meu amigo, acho que vai ter que se contentar com a crítica alheia.
    Não vi o primeiro e não tenho a menor vontade (ou interesse) de ver o segundo Tropa.
    Não vejo o assunto nem nos telejornais de baixaria que assolam todos os canais de TV aberta do país.

    Abração.
    T+
    Joba

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