quinta-feira, 3 de março de 2011

Crítica: Rango


por Joba Tridente

Pra quem gosta de animação, faroeste com boa dose humor, drama e suspense, um ótimo programa é o divertido Rango, desenho animado que homenageia (num passeio inesquecível pelo oeste americano) diretores (John Ford, Sam Peckinpah, Sergio Leone, Howard Hawks, Fred Zinemann), atores (Clint Eastwood, John Wayne) e seus grandes personagens.


Rango (Rango, EUA, 2011), dirigido por Gore Verbinski, conta, em ritmo de muita aventura, a saga de um imaginativo camaleão (Rango) que adora interpretar. Um dia, acidentalmente, cai no Deserto de Monjave e com a ajuda da adorável caipira Feijão, vai parar num vilarejo chamado Poeira. Lá, naquele lugar sem lei e sem ordem, ele se dá conta de que, se quiser sobreviver, vai ter que se passar por um sujeito (heroico) capaz de impor respeito. Só que as coisas não saem exatamente como ele imagina e é obrigado a provar que é quem diz ser, solucionando uma questão de vida ou morte dos moradores. Não vai ser nada fácil, principalmente com um Quarteto de Corujas cantando a sua triste sina e tendo ao seu redor os piores vilões do Velho Oeste. Rango, que é péssimo pistoleiro, mas é bom ator, vai tentar adiar o último ato (da sua morte cantada) enquanto puder contar com a sorte.



Narrado por um impagável Quarteto Mexicano de Corujas Cantoras do Deserto, o desenho explora bem a vida selvagem, a geografia local e os tipos peculiares dos filmes de faroeste: gente caipira e ingênua, miséria, corrupção, vilões apavorantes, boteco, índios, damas em perigo. Rango (encarnação mista de Ringo, Trinity e Pistoleiro Sem Nome) é um personagem bacana (meio sem noção) que reina soberano no desenho. Por melhor que sejam os coadjuvantes (Feijão, Tatu, Priscilla, Jake Cascavel), nenhum lhe rouba a cena, nem mesmo o Espírito do Oeste (homenagem ao ícone Clint Eastwood). A excelência do roteiro trabalha (e bem) a busca de identidade do protagonista, um ator camaleão ou camaleão ator, que pode “ser” quem quiser, mas que, na vida real, continua sem saber quem (realmente) é. Outro acerto é a maravilhosa trilha de Hans Zimmer que pontua com perfeição as desastrosas ações dos bandidos e mocinhos do Velho Oeste.


Recheado de tiradas espirituosas (até mesmo de autoajuda), mensagens ecológicas (sem ser piegas) e ações altruístas, capazes de fazer o cinespectador refletir sobre o seu papel no mundo, o desenho encanta pela plasticidade, tomadas espetaculares e carisma dos personagens. Sabendo que os pais cinéfilos são os que mais vão se divertir e, principalmente, se deliciar com as referências cinematográficas, vale lembrar que, como todo filme de ação (de tirar o fôlego), algumas cenas mais pesadas podem incomodar o público menor de 10 anos.

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