quarta-feira, 30 de março de 2011

Crítica: Uma Manhã Gloriosa


por Joba Tridente

Já foram feitos dezenas de filmes tendo como pano de fundo a imprensa (escrita e falada). Alguns inesquecíveis e outros que não vale a pena lembrar. Mas sempre tem alguém achando que ainda falta dizer alguma coisa, de forma diferente do que já foi dito antes, e faz um roteiro com todos os clichês do gênero (só pra variar). Logo, mais um filme Bom Dia Qualquer Coisa, com uma historinha edificante de superação profissional e amorosa e etc e tal, voa de lá de Hollywood para cá de Hollywood.

Uma Manhã Gloriosa (Morning Glory, EUA, 2011), é baseado no (sempre) previsível roteiro de Aline Brosh McKenna e fala (mais uma vez), como já havia feito em O Diabo Veste Prada, da dedicação exaustiva de uma profissional (de Comunicação Social) para se firmar (e vencer) num mercado de trabalho que sonhou por toda a sua vida. Se antes a oportunista Andy Sachs (Anne Hathaway), era contratada como assistente da infernal editora-chefe, Miranda Priestly (Meryl Streep), agora, é a vez da dedicadíssima Becky Fuller (Rachel McAdams), uma ingênua (e atrapalhada, é claro!) garota do interior, mostrar a sua luta (matutina, vespertina e noturna) para vencer no competitivo mundo televisivo. Becky é otimista, é prestativa e não tem medo de cara feia. Becky é viciada no seu trabalho dos sonhos infanto-juvenis: produtora de um telejornal em Nova York. O noticiário matinal Daybreak (que é jogado nas suas mãos) tem a pior audiência nos EUA, mas, como ela sonha o grande sonho americano, vai fazer de tudo para transformar o programa em sucesso. Só faltou combinar com os egocêntricos Mike Pomeroy (Harrison Ford), um jornalista mal-humorado e em fim de carreira, e a falastrona apresentadora Colleen Peck (Diane Keaton), uma ex-miss.


Dirigida por Roger Michell, essa espécie de comédia sem graça, linear até nos nós, mas cheia de boa intenção feminina e feminista, é a típica produção que se vê com bocejo até numa sessão qualquer da tarde ou de uma tarde qualquer. Tem todos os elementos que o público que adora ver de novo o mesmo programa (novela, filme, show de piadas), mas com artistas diferentes, vai se identificar e torcer (mesmo que pela obviedade) não seja preciso, que tudo termine num final feliz, condizente com a entrega da personagem protagonista. Se bem que, em Uma Manhã Gloriosa, se muito, o único personagem que pode causar alguma empatia no espectador é o antipático Pomeroy (Ford), já que o resto do elenco parece ter se espatifado de paraquedas num programa de batidíssimas gags americanas (trombadas, escatologias, escorregões, palavrões, coitus interrompidus). Como nenhum raio cai na IBS, tirando a rede e o tal programete de “entretenimento” do ar, e sala de cinema não tem controle remoto para mudar o filme da tela, o lance é relaxar e esperar pelo fim da projeção.

Tem gente que faz cinema e tem gente que faz televisão. Tem gente que faz uma coisa pensando estar fazendo outra. Mas, o maior dos caras-de-pau (que não está nem aí para os cupins) faz um genérico glamourosamente brega, de ambos, e o exporta para o resto do mundo.

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