domingo, 25 de setembro de 2011

Crítica: Elvis & Madona



Este é um filme que pensei que só o veria em DVD, caso saísse. Isso porque esta agradável comédia, alternativa e de baixo orçamento, começou a ganhar forma em 2007 e 2008, foi finalizada em 2009, fez carreira em Festivais e Mostras de Cinema no Brasil e no exterior em 2010 e só agora (antes tarde do que nunca!), em 2011, chega a algumas salas de cinema.


Elvis & Madona (Brasil, 2010), com roteiro e direção de Marcelo Laffite, é uma comédia atípica, tanto na trama quanto na narrativa. Longe das baixarias que têm caracterizados as mais recentes produções brasileiras, o filme nos apresenta uma divertida e convincente história de amor entre a lésbica Elvis (Simone Spoladore) e o travesti Madona (Igor Cotrim). Elvis deseja fazer carreira como fotógrafa e Madona estrelar um show musical com drag queens. Enquanto não concretizam seus sonhos, Elvis trabalha de motogirl, entregando pizza, e Madona num salão de cabelereiro. Expectativas, frustrações e dificuldades financeiras à parte, o Destino trama para que o estranho casal se encontre num momento delicado e difícil para ambos e percebam novas possibilidades profissionais e sentimentais.


A comédia romântica (com uma pitada de drama) não levanta bandeiras, não discute a “causa” dos gays e nem se restringe a guetos. Trata seus personagens como qualquer pessoa (dita normal) que trabalha, paga contas, sonha, bate e apanha da vida, tem problemas familiares, amorosos e profissionais, mas continua indo à luta. É um filme para cima, com uma narrativa direta, onde as piadas de situação beiram à inocência, tamanho cuidado, ou melhor, o respeito com que Lafitte desenha a relação de Elvis e Madona aos olhos do público que, em poucos minutos de projeção, está totalmente cativado pelos dois, ou duas ou... É claro que a química entre os atores, a excelência e naturalidade com que vestem seus personagens, sem cacoetes e longe das caricaturas em busca do riso fácil, é o diferencial. As músicas pontuadas colaboram e muito na composição da trama que ainda tem a presença de Sérgio Bezerra (o truculento ex-namorado de Madona), Buza Ferraz, Maitê Proença.

Elvis & Madona é uma grata surpresa e faz jus aos prêmios que tem recebido. Conta uma boa história de amor possível (com seus percalços) e é ousado, abusado e angraçado. Não subestima a inteligência do espectador e muito menos provoca qualquer constrangimento sexo-sócio-cultural. 

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