sábado, 5 de novembro de 2011

Crítica: A Casa dos Sonhos



O título e o cartaz de A Casa dos Sonhos podem até sugerir (mais) um filme sobre (mais) uma casa assombrada por fantasmas, demônios e outros “seres” correlatos, mas a ideia (mal resolvida) é a de um thriller psicológico. Em sua (batida) trama, Will Atenton (Daniel Craig) é um editor que espera unir o útil ao agradável: passar mais tempo com a família e finalmente escrever o seu adiado livro. Deixa o emprego, compra uma aprazível casa num bairro tranquilo e se muda com a mulher Libby (Rachel Weisz) e as filhas Dee Dee (Claire Geare) e Trish (Taylor Geare). No entanto, algumas coisas parecem fora de ordem na casa e na vizinhança. Logo Will descobre que uma aparente hostilidade dos vizinhos está relacionada com uma tragédia ocorrida há cinco anos, quando a mãe e duas filhas foram mortas naquela casa. Como em toda redondeza o assunto é tabu, disposto a viver em harmonia com a família e os vizinhos, ele decide pesquisar o corrido, cujo suspeito é o marido, e fica perplexo com as suas descobertas.

Se a sinopse desperta algum interesse, o mesmo não pode ser dito do claudicante roteiro-clichê de David Loucka, que até tenta confundir e parecer inteligente, mas não consegue (igual ao Will) sair do lugar comum. A obviedade é tanta que qualquer espectador, que já tenha visto outros filmes (melhores) de suspense, logo na primeira (re)virada da história sabe quem é o verdadeiro culpado pela chacina. O que não o impede de mudar de opinião, se achar propício. Ou esperar até o ridículo final e dizer: eu não falei? Também porque, quando em um filme dessa natureza os personagens decidem lavar sua honra, já se sabe o banho de água fria que virá. Como se diz, também, que quem entra no fogo é para se queimar, é torcer para que, das cinzas, não surja uma Phoenix Zumbi.


Todo mundo sabe que Hollywood adora se repetir e o público alvo adora (re)ver novos filmes velhos. É uma obsessão lucrativa, mas que, às vezes, dá com os burros n’água.  A Casa dos Sonhos é uma colcha de recordações do gênero. Percebe-se (no princípio) um cuidado na direção de atores e de arte, que cativam o espectador, por conta do trabalho dos protagonistas (Graig, Weisz e as crianças Claire e Taylor Geare), numa narrativa que quer voar alto. Mas, então, sem que nem mais porque, os fotogramas são arrombados e a Casa dos Sonhos vira uma Casa de “Surpresa” da Mãe Joana, abalando mortos e vivos (ou seria mortos-vivos?) com a quantidade de cacos sem qualquer importância, fazendo a história quicar de um lado para o outro.  

A Casa dos Sonhos (Dream House, EUA, 2011), do diretor irlandês Jim Sheridan, tem uma produção bacana até certa metragem, mas não se sustenta nem com o excepcional desempenho de Daniel Craig. E é difícil saber onde se deu o escorregão que levou Sheridan escada abaixo, se na leitura, correção e ou remendos do roteiro. A verdade é que ele perdeu o foco e quando tentou pular do barco, após o enxerto de cenas e a reedição do produtor Jim Robinson, que ainda distribuiu um trailer revelador, já era tarde até para o elenco. A Casa dos Sonhos é um filme que começa e não termina. Ele simplesmente para por não ter (e ou saber) para onde ir. 

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