quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Crítica: Noite de Ano Novo



Por conta da constelação de estrelas e celebridades, justificando a ordem alfabética dos créditos do elenco protagonista, Noite de Ano Novo (New Year’s Eve, EUA, 2011), de Garry Marshal, parece, mas não é uma continuação de Idas e Vindas do Amor (Valentine's Day, EUA, 2010), do próprio Marshal. Sai Los Angeles e entra New York com uma (nova?) trupe de solitários de ocasião, que têm até a meia-noite do dia 31 de Dezembro de 2011 para encontrar, conquistar e ou reconquistar um amor.

Baseado no roteiro de Katherine Fugate (de Idas e Vindas do Amor), Noite de Ano Novo se passa (também) em apenas um dia. São pequenas histórias, pinceladas na metrópole americana, com alguma coisa em comum: a esperança! Enquanto aguardam o grande espetáculo do réveillon, na Times Square, adolescentes e adultos fazem planos e balanço do ano e da própria vida. No baralho da sorte de cada um, as cartas alternam sonhos, desejos, culpas, encontros, desencontros, nascimento, morte..., como todo fim de ano, em qualquer lugar do mundo. Ah, as promessas!


Noite de Ano Novo é um filme leve, para quem não é exigente e não se cansa da mesma lengalenga piegas e ou amorosa, na certeza de um final feliz. A sua narrativa traz “personagens” demais e histórias de menos. O que é um complicador. Não há tempo para o espectador se envolver, partilhar dores e alegrias. Ele é linear e bem ao estilo do “politicamente” correto, enaltece a família, a amizade, o casamento, o trabalho. Pudico (?) e civilizado (?), não explora o sexo e nem a violência (bom, tem uns dois tapinhas de amor e uma tal de totoca). Para os eternos otimistas, pelo menos na tela, as resoluções cotidianas são de uma simplicidade ímpar.

Com seus inumeráveis clichês, Noite de Ano Novo é um drama romântico com pitadas de humor. Pitadas mesmo! Não tem baixaria, piadas escatológicas, trombadas, escorregões e coisas do gênero americano em filmes românticos, comédia ou não. Na verdade, tem um escorregão, logo no início. É uma metáfora óbvia(mente) e desnecessária, mas alguém deve ter achado que seria engraçada. A sequência está mais para tragédia anunciada. Algumas “tramas” amorosas, ao alcance do público juvenil, beiram o ridículo. Tudo é muito raso, na expectativa do beijo da meia-noite, na vida em condomínio, na comemoração e até na fatalidade.


A produção, que traz no elenco Jessica Biel, Jon Bon Jovi, Abigail Breslin, Chris "Ludacris" Bridges, Robert De Niro, Josh Duhamel, Hector Elizondo, Katherine Heigl, Ashton Kutcher, Seth Meyers, Lea Michele, Sarah Jessica Parker, Til Schweiger, Ryan Seacrest, Hilary Swank e Sofia Vergara, tem pelo menos uma história simpática que, se melhor desenvolvida, poderia resultar num filme bacana. Protagonizada por Zac Efron (Paul) e Michelle Pfeiffer (Ingrid), parece uma versão rasteira e às avessas do belíssimo Harold & Maude (Ensina-me a Viver, EUA, 1971), do diretor Hal Ashby, que narra a envolvente relação amorosa entre o destrutivo adolescente Harold (Bud Cort) e a alegre Maude (Ruth Gordon), uma mulher de 79 anos. Nesta, digamos, curiosa “releitura” (onde não falta nem, a motocicleta), Ingrid é uma cinquentona amargurada que acaba encontrando no jovem e animado Paul, a energia e a criatividade que precisa para dar um novo rumo à sua vida.

Ralo ou não (tudo na vida é uma questão de gosto), o que deve realmente incomodar muita gente, na romântica Noite de Ano Novo, é a quantidade de merchandising que pipoca pela tela, fazendo crer que pelo menos o elenco foi bem pago, independente da discutível “atuação” de cada um. O resto é padrão: técnica, trilha, fotografia etc. Agora é esperar para ver se, em 2012, fechando a trilogia, diretor e roteirista se animam em apresentar novos solitários comemorando o Amor no Dia das Bruxas.

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