quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Crítica: Rock of Ages - O Filme



Às vezes somos traídos pela memória e levados a acreditar que o gênero musical anda meio bissexto nas salas de cinema. Mas, nada como o Google para nos lembrar de que, na última década, pipocaram algumas boas variações de musicais por aqui: Moulin Rouge - Amor em vermelho (2001), de Braz Luhrmann; Chicago (2002), de Rob Marshall; Dreamgirls - Em busca de um sonho (2006), de Bill Condon; Hairspray - Em busca da fama (2007), de Adam Shankman; Across the Universe (2007), de Julie Taymor; Mamma Mia! (2008), de Phyllida Lloyd; Sweeney Todd - O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet (2008), de Tim Burton; Burlesque (2010), de Steve Antin; entremeados de alguns títulos europeus: 8 Mulheres (2002), de François Ozon; Canções de Amor (2007) de Christophe Honoré; Apenas Uma Vez (2007), de John Carney..., e algumas bobagens juvenis estadunidenses, na entressafra.

Rock of Ages - O Filme (Rock of Ages, EUA, 2012), dirigido por Adam Shankman, é a deliciosa versão de um musical homônimo, da Broadway, que fala do que de melhor e de pior aconteceu no mundo rock dos anos 1980. A comédia narra, por meio de hits do rock’n’roll (e suas variantes: rock pop, pop rock, hard rock, glam metal etc), a romântica história de Sherrie Christian (Julianne Hough), uma garota ingênua do interior, e Drew Boley (Diego Boneta), um garotão gente boa da cidade, que compartilham sonhos e decepções em Hollywood. Eles se conheceram em 1987, na famosa Sunset Strip, em Los Angeles, cidade sempre abarrotada de artistas em ascensão, em franca decadência e ou ilustres desconhecidos. Ali os jovens têm que encontrar o próprio caminho ou (se tiverem sorte) pegar um atalho pelo lendário The Bourbon Room, o clube onde trabalham. A famosa casa de shows está passando por algumas dificuldades, mas Dennis Dupree (Alec Baldwin), o proprietário, e Loony (Russel Brand), o técnico de som, acreditam que uma apresentação de Stacee Jaxx (Tom Cruise), o deus inconstante do rock, pode ser a solução para que este Templo do Rock’n’roll continue com as portas abertas para os seus fiéis seguidores.


O roteiro escrito por Justin Theroux, Chris D’Arienzo e Allan Loeb, baseado no musical, criado por D’Arienzo, traz uma história clássica (segundo a sinopse que li, sobre o musical da Brodway, com significativas mudanças) de pessoas comuns que não desistem dos seus sonhos mesmo quando os sonhos parecem desistir delas. A divertida história é uma viagem emocionante pelo rock do Def Leppard: Pour Some Sugar On Me, do Twisted Sister: We're Not Gonna Take It, do Journey: Don't Stop Believin, e por baladas como I Wanna Know What Love Is, do Foreigner, Every Rose Has It's Thorn, do Poison, e Can't Fight This Feeling, do REO Speedwagon. Aliás, a hiper-super-mega romântica down I Wanna Know What Love Is, do Foreigner, é a responsável por uma das melhores sequências (deliciosamente erótica, romântica, trash, brega) do filme, envolvendo o infeliz Jaxx (Cruise) e Constance Sack (Malin Akerman), a repórter da Rolling Stone. As músicas funcionam bem até quando ausentes, como é o caso da Rock of Ages, do Def Leppard, que não foi liberada para o teatro (e provavelmente nem para o filme), mas que está num diálogo “chapado” que marca o reencontro de Stacee (Cruise) e Dupree (Baldwin).

Rock of Ages - O Filme é uma produção (e que produção!) que trata com ironia (mas sem perder o humor!) dos bastidores nada glamouroso do showbiz, com suas estrelas talentosas e ou inventadas, constantemente manipuladas por agentes ordinários, feito Paul Gill (Paul Giamatti), que vampirizam seus artistas até a última gota do lucro fácil. É uma comédia divertida e cantante (para quem viveu aquela época), sem apelos escatológicos e que não subestima a inteligência de ninguém. Tem uma boa dose de safadeza rock’n’roll e chega a ser maldosa (?) com os fãs das (hoje) abomináveis boy bands que faziam a alegria da meninada naquele fim de década. Não sei se “maldosa” é a palavra correta, não importa, a verdade é que as cenas com os garotos são hilárias. Acredite, nunca mais você vai ver os adolescentes e suas bandas pop da mesma maneira.


O musical tem um bom elenco de coadjuvantes de luxo afinados com o humor escrachado e ou fetiche (este é o melhor!) e afinados com as (loucas) canções. Quem um dia imaginou ouvir Tom Cruise cantando (e bem!) rock e ou qualquer coisa? Já os protagonistas, atores-cantores, estilo High School, para adolescente se apaixonar, se não empolgam, também não chegam a decepcionar os mais velhos que querem mais é saber de rock’n’roll (básico, grudento, e daí?) e seus riffs fantásticos, na cabeça. Quer mais é cantar junto e sem culpa de ser feliz e de gostar e ou ter gostado daquela música até hoje (revisitada) e em mutação. Quem resistir ao: We built this city, we built this city on rock an' roll…, do Starship, que quebre o primeiro bolachão.

Bem, sei lá, em se tratando de música, sempre tem aqueles conservadores crentes de que o rock é coisa do Demônio, como imagina a obcecada vilã Patricia Whitmore (Catherine Zeta-Jones), a primeira-dama de Los Angeles. E ficaria ainda mais horrorizada se ouvisse o Rauzito exorcizando os carolas com o seu Rock do Diabo: O Diabo é o pai do rock! / O Diabo é o pai do rock! / Então é very god rock! / O Diabo é o pai do rock! / Enquanto Freud explica / O Diabo dá os toque...

2 comentários:

  1. Opa, vamos ver isso aí! (Se passar por aqui, bem entendido...) Joba, valeu a visita no arquivos críticos! Ando meio sumido, inclusive de lá, porque tenho trabalhado muito. Nem disse que também não engoli o último (tomara!) Batman do Nolan. Isso que dá não ouvir conselho do Joba, re re... Abração!

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    1. Olá, Ravel. Rock of Ages é um musical básico e divertido, apenas isso. É aquela (batida) história clássica (de sempre)..., mas tem um monte de música grudenta que faz você nem se importar com o roteiro despretensioso. Pode ser totalmente esquecível depois, mas é safado, engraçado (na hora) e, claro, que não deve ser levado tão a sério.
      Quanto ao bomba'tman...

      Abs.

      T+

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