terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Crítica: O Homem da Máfia



Para o norte-americano, se algum tema não vira naturalmente filme, uma forçadinha no argumento sempre vem a calhar. Máfia é um deles, mexe e vira recheio vencido de comédia de gosto duvidoso ou tira-gosto de thriller policial embaraçoso, feito O Homem da Máfia, que leva a vida “matando suavemente” em plena crise econômica recente.

O Homem da Máfia (Killing them  Softly, EUA, 2012), de Andrew Dominik, chegado a um pastiche de Tarantino, sem o humor negro, e de Sam Peckinpah (1925 - 1984), sem a criatividade e ou conteúdo estético, é um típico cinema-pegadinha. Ou seja, engana (bem!) com seu preciosismo (de araque) e ares de “modernidade”. Baseado no livro Cogan´s Trade, de George Higgins, o roteiro pífio do próprio Dominik gira em torno de um acerto de contas entre bandidos falastrões de todas as classes sociais, porém igualmente estúpidos e ou imbecis. Verborrágica e capenga a narrativa acredita se bastar em conversa fiada sem fim sobre o órgão sexual masculino e variações sexuais, traições conjugais..., e “técnicas de punição exemplar”. Os conservadores escritores e roteiristas estadunidenses parecem felizes com as suas “descobertas” sobre as prazerosas funções “pecaminosas” do “dick”. Haja!!!!


A “trilha” condutora da “ação” é o áudio e, às vezes, alguma imagem televisiva, analisando a crise financeira, que afetou e também desorganizou o crime organizado. Enquanto os discursos de Bush e Obama, em plena campanha eleitoral, pipocam na telinha, três bandidos basbaques, Frankie (Scoot McNary), Russel (Ben Mendelsohn) e Johnny (Vincent Curatola), aproveitando uma “falha na segurança?” (me poupe!) e acreditando na impunidade (santa ingenuidade!), assaltam uma casa de jogo clandestino. Era para ser engraçado o assalto a uma casa cheia de caricatos mafiosos truculentos? Sorry!

Ora, ora, ora, hein..., os pés de chinelo não perdem por esperar (já o espectador com QI...!) porque a vingança da máfia, através do assassino de aluguel Jackie (Brad Pitt), será “maligna” (ou exemplar!). Conversa vai e conversa vem e conversa vai e conversa vem e entra em cena um tal de Mickey (James Gandolfini), matador grandalhão, beberrão e chorão, apenas para introduzir momentaneamente a única presença feminina no filme, a prostituta Hooker (Linara Washington), protagonizar um abominável erro de continuidade..., e depois sumir. O filme tem outros furos (sem ser de bala), mas deixa pra lá.

Assim, abusando de “diálogo” enfadonho clichê, discurso econômico-eleitoral clichê e violência clichê, a história se arrasta, ‘ironizando” a crise econômica, que não poupa nem os assassinos (obrigados a dar um descontinho básico pelo serviço), e o capitalismo de ocasião dos presidentes norte-americanos. É o suprassumo da inteligência clichê torrando a paciência dos (poucos) espectadores que resistirem a tentação de deixar a sala antes do pretencioso final.

Ah, além da violência em diversos ângulos de câmera lentíssima, O Homem da Máfia tem algumas músicas bacanas e excelentes performances de McNary e Mendelsohn.

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