sexta-feira, 26 de julho de 2013

Crítica: Wolverine - Imortal


..., não sei se o humor conta, mas não há duvidas de que Wolverine é um dos mais carismáticos heróis de HQ, em um número que não vai além de uns quatro. Personagem controverso, um lobo solitário (ao estilo Conan) difícil de ser “domesticado”, do tipo que não leva desaforo para casa. Aprontou e não percebeu, as garras de adamantium de Wolverine resolveu: Eu sou o melhor no que faço, mas o que faço não é nada bonito.  

Levemente inspirado na HQ Eu, Wolverine, de Frank Miller e Chris Claremont, de 1982, Wolverine - Imortal (The Wolverine, EUA, 2013), dirigido com categoria por James Mangold, é um filme de ação e aventura dramática, com pitadas de tragédia shakespeariana e de novela japonesa. Após a misericordiosa morte de sua amada Jean Grey (Famke Janssen), sentida em X-Men 3 - O Confronto Final, de 2006, Logan (Hugh Jackman) decide se afastar do mutante mundo civilizado. Não é fácil deixar seu passado “X’ para trás. Não é fácil deixar de ser Wolverine quando se é constantemente perseguido por fantasmas do passado, como Jean, questionando sua imortalidade, e ou o jovem soldado japonês Yashida (Ken Yamamura), grato por ter sido salvo da bomba atômica que arrasou Nagasaki.

Em meio a essa crise existencial Logan é encontrado pela vidente e espadachim Yukio (Rila Fukushima), dizendo que o velho Yashida (Haruhiko Yamanouchi) está à beira da morte e quer se despedir do seu salvador. A contragosto ele vai ao Japão e acaba envolvido numa grande intriga onde, além da rica herança do seu velho conhecido, está em jogo o seu fator de cura e a vida da misteriosa Mariko (Tao Okamoto), neta de Yashida. Para destrinchar tamanho imbróglio, Logan desperta o “adormecido” Wolverine, que se vê obrigado a ir à luta contra ninjas, yakuza, e a venenosa Viper (Svetlana Khodchenkova), uma mulher víbora.


Wolverine - Imortal incorpora com eficiência elementos da cultura nipônica presentes em muitos filmes, incluindo (é claro!) os animes. Wolverine já é, digamos, um ronin de casa (samurai errante), com seu visual e garras de adamantium, que equivalem a meia dúzia de espadas samurais. Todavia, ao se apropriar da tessitura japonesa, a narrativa ganha outra cor, outro ritmo (mais cadenciado), e as duas tramas (de Logan e da família Yashida) mais densidade. É bacana o tratamento dado ao entrelaçamento das duas dramáticas histórias, fazendo parecer maiores (ou mais profundas) do que realmente são.

Wolverine - Imortal, que não tem a fúria demolidora e devastadora de um Homem de Ferro, Homem de Aço ou Homem Aranha, nos seus momentos divã trata com interesse as inquietações do herói (poderes, responsabilidades, regras) que também já afligiram os três citados, principalmente Clark Kent e Peter Parker. Se bem que, por vezes, Wolverine parece agir muito mais por instinto que por devoção à causa (ou não?) como sugere a bela e emocionante sequência do prólogo em que ele se relaciona territorialmente com um urso.


Este não me parece um filme para o espectador que entrou em transe orgásmico diante da destruição sem fim de recentes produções envolvendo famosos super-heróis..., já que a fúria wolverineana é mais interna e quando explode “destrói” apenas os vilões e não cidades inteiras. Não tem grandes efeitos especiais, mas diverte e emociona com algumas sequências bem resolvidas (trem bala) ou escritas (batalha com ninjas, cuja emblemática cena das flechas envenenadas remete à obra-prima de Kurosawa: Trono Manchado de Sangue). Não é hilário, mas tem lá um humor bobinho e truculento. Falar da performance marcante de Jackman é dar brilho no adamantium. Na verdade todo o elenco está bem: Fukushima, com a sua Yukio, que parece saída diretamente de um anime, rouba um bocado de cenas; Okamoto dá graciosidade na medida à misteriosa Mariko; já Viper, de Khodchenkova, merecia mais espaço...

O roteiro de Mark Bomback e Scott Frank pode não ser a melhor coisa do mundo, mas consegue contar uma história com excelente começo, bom meio e final mais que razoável. Nada de muito sofisticado, característica de uma boa HQ, mas consistente e envolvente. Ou seja, só o fato do filme não se bastar em apenas um ato o espectador já está o lucro.  Ah, no meio dos créditos finais há um prólogo-ponte para o próximo X-Men: Days of Future Past. Quanto ao 3D, fica a critério do bolso!

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