Quem diria que um dia, no Brasil, teríamos uma
comédia em 3D? Quem diria que o chulo em 2D faria tanto sucesso de público e
nenhum de crítica? Quem diria que uma tecnologia que nem sempre agrega valores
estéticos a um filme estrangeiro, mas que aumenta sensivelmente o preço dos
ingressos, estaria tão rapidamente ao alcance do (bolso do) espectador
brasileiro?
Se
Puder... Dirija! (Brasil, 2013) tem argumento clichêdificante (pai
idiota versus filho esperto). Segundo a sinopse oficial: Se Puder... Dirija! acompanha a história de João (Luiz Fernando
Guimarães), pai ausente de Quinho
(Gabriel Palhares) e ex-marido de Ana (Lavínia Vlasak). Manobrista em um estacionamento, ao lado de Edinelson (Leandro Hassum), ele precisa dar um jeitinho para fugir do trabalho
e ir se encontrar com o filho, pois havia prometido à ex-mulher passar o dia
com a criança. A solução que encontra é pegar “emprestado” o carro da Dra. Márcia (Bárbara Paz), fiel cliente do estacionamento. Afinal, é só uma
saidinha rápida. Mas encontrar o filho e voltar a tempo de devolver o carro,
sem que a proprietária dê por sua falta, torna-se uma grande odisseia e João se envolve em várias aventuras com
seu filho, o carro, e o cachorro Moleque.
O problema é que o que parece divertido no
resumo da história (que esboça a saga do herói), não tem a menor graça na
telona. Com direção claudicante e roteiro frouxo de Paulo Fontenelle, o resultado é uma “comediazinha” infantil(óide)
pensada para o deleite da família, mas que, se muito, deve agradar apenas aos espectadores
com idade mental de 10 anos, desde que (é claro!) riam de qualquer asneira. Assemelha-se
a um desinteressante especial de TV para quem não saiu de casa para comemorar o
dia dos pais. Pode não ter paradas para os comerciais, mas os merchandisings
não dão folga, na primeira oportunidade pululam na tela.
A narrativa sem ritmo, os personagens caricatos
(e chatos!), os “diálogos” ridículos, as velhas “piadas” esticadas à exaustão, a
trama esfarrapada, a dublagem (?) sem sincronia, atores sem inspiração, os furos
e mais furos..., deixam tudo muito falso, enfadonho e muito mala, digo, mal
embalado num 3D(cepcionante). Além de não dizer a que veio, na maioria das
vezes o 3D(cepcionante) vacila entre o foco e o 2D(esordenado). Em algumas cenas
a proporção (e a falta de massa) dos personagens é tão absurda que parece que
foram recortados (individualmente e em diversos tamanhos) e mal ajustados (feito
pop-up) num cenário à base de chroma key!
Fontenelle disse que: ... o filme é uma comédia de situação, de costume, superengraçada e
divertida. Acho que ele se referia ao 3D(cepcionante) que, este sim, é uma
piada. E pensar que tem gente que reclama dos filmes em 3D-convertido. Constrangedor!
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