sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Crítica: Rush - no limite da emoção


O cenário esportivo é o ideal para fomentar rivalidades reais e ou midiáticas. Conforme o valor (patriótico, monetário, pessoal) em disputa, a animosidade entre os competidores ganha proporções absurdas. Lauda e Hunt, Senna e Prost..., a Formula 1 está repleta de grandes duelos e de histórias emocionantes como, por exemplo, a do campeão póstumo Jochen Rindt, que morreu durante a temporada de 1970, correndo pela Lotus.

Rush, no limite da emoção (Rush, 2013), produção europeia dirigida por Ron Howard, traz para o cinema algumas das mais fascinantes páginas da crônica esportiva da Fórmula 1, dos anos 1970. Em cena: o metódico austríaco Niki Lauda e o desregrado britânico James Hunt (1947 - 1993)..., ambos em busca da corrida perfeita e, é claro, do pódio. Lauda (Daniel Brühl) e Hunt (Chris Hemsworth) deixaram para trás a tradição das suas famílias para dar rodas ao próprio sonho: competir (arriscar a vida?) em pistas de automobilismo mundo afora. Campeões que sabiam a hora certa de trocarem farpas e ou afagos. Dizem que há controvérsia sobre o relacionamento inamistoso deles..., mas como se diz: quando a lenda é maior, imprime-se a lenda!

Após breve introdução sobre o início de carreira, família, encontro e desavenças entre os dois esportistas, o excelente roteirista Peter Morgan centra foco na fatídica temporada de 1976, ano em que o líder Niki Lauda sofreu grave acidente em Nurburgring. Assim como fala de pilotos e suas regras (com e sem limites) que podem ser o diferencial na vitória ou na derrota, garantindo adrenalina ao espetáculo do grande circo da Formula 1, também desvela o curioso universo ao seu redor. Rush faz um “raio x” não tão intenso quanto o documentário Senna (2010), de Asif Kapadia, mas igualmente curioso, em uma arena que abrigava tanto a exposição festiva de Hunt (cerveja, cigarro e mulheres) quanto a introspeção de Lauda (caseiro, disciplinado, quase romântico).


Filmado na Inglaterra, Alemanha e Áustria, Rush não trata de um eventual acerto de contas do tricampeão Niki Lauda (1975, 1977, 1984) com o passado, mas da garra de dois grandes pilotos que (se) desafiaram (e as) intempéries para conquistar preciosos pontos e campeonatos, pelas vias do (simples) prazer de Hunt e ou da (forte) determinação de Lauda. Instantes de um 1976 de ânimos acirrados e que nem mesmo os percalços das curvas em circuitos ultrapassados os fizeram desistir, apesar de deixar marcas no corpo e no caráter de ambos. Vale lembrar que Rush tampouco é uma história de piloto bonzinho versus piloto mauzinho, também porque é impossível saber quem é quem na pista.

Rush tem uma produção de cair o queixo, não faltam nem as máquinas originais: Ferrari 312T2, de Niki Lauda, e McLaren M23, de James Hunt, conduzidas pelos protagonistas. A fotografia de Anthony Dod Mantle deslumbra não apenas por colocar o espectador dentro da ação, mas pela correção de imagem que a faz parecer de época. Um filme onde se busca o realismo em cada detalhe narrativo, a interpretação de Brühl e Hemsworth não poderia ser menos que impecável. Há críticos apostando em Oscar para Daniel Brühl, que rouba as cenas. Um filme imperdível para amantes de corridas e ou de cinema. Um dos melhores do ano.

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