Bem, finalmente, depois de muito blá! blá! blá! blá!, o Quarteto Fantástico, jovial e remixado,
chega aos cinemas para tentar um lugar no pódio da rendosas HQs
cinematografadas. Assim como as franquias das franquias que a precederam, esta
também pretende ser nova, já que a cada “releitura” do filme anterior e ou
mesmo da HQ de origem seus realizadores acreditam mudar literalmente o velho
universo conhecido..., como se leitor de HQ gostasse de mudanças (radicais ou
não). E olha que a mudança aqui, que já deu o que falar, foi apenas de preto no
branco: o Tocha Humana, que é (ou
era) um personagem loiro, agora é negro. Já que Stan Lee aprovou a novidade e
gosta da “diversidade”, como os fãs veriam um Quarteto formado por um americano (Homem Borracha), um asiático (Tocha
Humana), um africano (Coisa), uma
latina (Mulher Invisível)? Seria conceitual
demais? Pensei apenas na representatividade de cada um no mundo!
Quarteto
Fantástico (Fantastic Four,
2015), dirigido por Josh Trank,
deixa de lado o clima divertido e descontraído dos filmes anteriores (2005: Quarteto Fantástico e 2007: Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado)
e mergulha num clima levemente dramático, querendo parecer mais sério do que
realmente é, para contar a nova “origem” do grupo. A trama começa com um recorte
bacana da infância do gênio precoce Reed
Richards (Owen Judge) e seu
grande amigo Ben Grimm (Evan Hannemann), às voltas com a c0nstrução
de uma máquina caseira de teletransporte. Anos depois, a convite do Dr. Franklin Storm (Reg D. Cathey), o adolescente Reed
(Miles Teller) se junta aos
jovens gênios Victor von Doom (Tony Kebbell), Sue Storm (Kate Mara) e Johnny Storm (Michael B. Jordan) para realizar o seu sonho. Porém, uma viagem na
teletransportadora acaba saindo do controle e alterando o metabolismo de todos
os envolvidos, inclusive de Ben Grimm
(Jamie Bell), o convidado de Reed. No aguardo de uma explicação
lógica, cada um tenta se adaptar à nova vida. Reed se estica como o Sr.
Fantástico em busca da cura, enquanto Ben
tenta suportar o peso das pedras no seu corpo Coisa. Se o rebelde (sem causa) Johnny
se acha o máximo acender feito uma Tocha,
a sua metódica irmã adotiva Sue busca
um padrão como Mulher Invisível.
Quanto ao solitário Victor, ele
acredita que o seu Dr. Destino, como
qualquer vilão equivocado, tem contas a ajustar com a Terra e não com os
governos e capitalistas...
Ainda que peque em mostrar apenas o passado científico de Richards e Grimm, o Quarteto Fantástico começa promissor,
envolvente. Então, sabe se lá se por alguma falha no metabolismo (?) do roteiro,
vai se tornando linear, tão linear que mal se percebe algum conflito e ou sequer
a insinuação de um triângulo amoroso. O
humor inexiste e o prometido tom sombrio, o terror, o suspense, parece ter
ficado na ilha de edição. O clima de aventura claustrofóbica dos jovens
cientistas montando a máquina teletransportadora, pode não ser entediante, mas
também não é dos mais empolgantes e quanto a “ação”, bom, ela se concentra no
meio do terceiro ato, praticamente no epílogo. Os efeitos especiais são
razoáveis, nada de encher os olhos ou cair o queixo, e alguns diálogos até soam
interessantes ao questionar a criação e o usuário de um equipamento de alta
tecnologia.
Para quem curtiu os dois bem-humorados filmes anteriores, a
impressão é a de que este Quarteto
Fantástico não vai muito além de um cartão de visita do grupo de jovens
heróis. O que não seria de todo mal se a direção de Trank fosse menos
burocrática, a história mais ágil e os personagens minimamente carismáticos. Nem
mesmo o “vilão” Dr. Destino empolga...,
e olha que, geralmente, os vilões são os personagens mais interessantes do
gênero.
Não é, mas parece produção da Disney, de tão certinho,
limpinho, moralzinho... Será que o melhor está guardado para uma provável continuação,
já que ficou um bocado de ponto sem nó? A bilheteria dirá!
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