quarta-feira, 28 de junho de 2017

Crítica: Meu Malvado Favorito 3


Meu Malvado Favorito 3
por Joba Tridente*

Sete anos depois de tentar roubar a Lua; adotar as adoráveis órfãs Margo, Edith e Agnes; se casar com a agente Lucy e entrar para o seleto time da Liga Anti-Vilões (AVL), o ex-malvado Gru está de volta para viver dias de grandes surpresas: é demitido da AVL, por não conseguir capturar o vilanesco Balthazar Bratt; descobre que tem um charmoso irmão gêmeo chamado Dru, um playboy exibicionista cheio de “más” intenções..., e, de quebra, ainda conhece um dos mais bem guardados segredos de família sobre o seu desconhecido pai.

A esta breve e suficiente sinopse junte muita ação, algumas boas piadas e gags inteligentes, mais ação e momentos fofos, mais um bocado de ação e “violência-cartum” e moderada dose de vilania vintage e ou retrô, tipo oitentista..., e você tem o divertido Meu Malvado Favorito 3 (Despicable Me 3, EUA, 2017).


Em Meu Malvado Favorito 3, dirigido por Pierre Coffin, Kyle Balda e Eric Guillon, os roteiristas Cinco Paul e Ken Daurio não alteram a saga de  Gru e sua estranha família, que agrega também os amorais Minions..., apenas acrescentam novos (e bons) elementos para que ela siga em frente sem comprometer as duas histórias (de sucesso) anteriores. Foi assim também com o Meu Malvado Favorito 2. Agora, além de pais superprotetores, o casal de agentes Gru e Lucy só não dá trégua para os vilões. Principalmente para o complexado Balthazar, um ex-prodígio mirim da tv que perde o posto de protagonista num seriado maluco, quando vira adolescente, e (adulto) decide se vingar dos espectadores (que o esqueceram) e de Hollywood (que o dispensou) com um plano mirabolante (que lembra as tramas trash da Asilum e seriados de monstros japoneses).


A animação tem tudo para agradar a todas as faixas etárias, principalmente pelo seu ritmo alucinante (comum em filmes de super-heróis) para desenrolar e costurar num bom epílogo as quatro tramas paralelas em distintos níveis de ação e aventura: a da vingança de Balthazar que, com seu extravagante figurino com ombreiras, bigodão, estilo musical e dança a la Michael Jackson,  age como se estivesse vivendo nos anos 1980; a do “afetadíssimo” (na horrorosa dublagem brasileira) Dru, irmão “perdido” de Gru, num estilo meio steampunk; a da garotinha Agnes e o seu amor pelos unicórnios, num dos momentos lúdicos de intensa beleza e nonsense; e a da revolta dos Minions que, ansiosos por uma maldadezinha (ou travessura), vão mais uma vez cair na estrada e acabar fazendo homenagens hilárias a produções como Sing - Quem Canta Seus Males Espanta (2016) e Amor Sublime Amor (1960). Ah, entre outras marcantes referências cinematográficas e televisivas estão Star Wars - O Império Contra-Ataca (1980) e Pantera Cor de Rosa (1963).


Enfim, Meu Malvado Favorito 3 deixa a pieguice de lado, e fala naturalmente da complexa convivência em família, das sempre bem-vindas fantasias infantis e dos percalços e mágoas (profundas) no meio artístico, com o descarte (mais comum do que se imagina) de atores e atrizes que já não rendem tanto dinheiro quanto os estúdios esperam deles..., tema também já desenvolvido em diversas ficções para adultos, como em o perturbador Mapa para as Estrelas (2014), de David Cronenberg. Mas não se preocupe, no desenho a linguagem da narrativa é básica e cômica (ou seria irônica?) e ao alcance de todos os públicos. Não tem nenhuma lição de moral, ou sequer jornada do herói (será que jornada do vilão conta?), mas tem uns toques bem bacanas sobre responsabilidades.


Com sua técnica irrepreensível; trilha sonora (que não incomoda!!!) pop; roteiro redondo; excelente direção e personagens (ainda) cativantes; sequências geniais (e ousadas) como a da mãe do Gru (ela é que sabe viver, viu!) à beira da piscina (se cuidem, conservadores!)..., se é fã da franquia, acho que vai gostar! Bem, se não é fã, vai gostar também! Pode não ser tão arrebatador quanto o primeiro Malvado, mas continua um bom programa e um saudável escracho do princípio ao fim.


*Joba Tridente: O primeiro filme vi (no cinema) aos 5 anos de idade. Os primeiros vídeo-documentários fiz em 1990. O primeiro curta (Cortejo), em 35mm, realizei em 2008. Voltei a fazer crítica em 2009. Já fui protagonista e coadjuvante de curtas. Mas nada se compara à "traumatizante" e divertida experiência de cientista-figurante (de última hora) no “centro tecnológico” do norte-americano Power Play (Jogo de Poder, 2003), de Joseph Zito, rodado aqui em Curitiba.

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