quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Crítica: Embarque Imediato


Embarque Imediato
Embarque Imediato
para onde?

Embarque Imediato (Brasil, 2009), dirigido (e fotografado) por Allan Fiterman é provavelmente o filme mais tolo e sem graça do ano. Pretende-se a história (nada original) engraçada (?) de um jovem desempregado, Wagner (Jonathan Haagensen), que é capaz de fazer qualquer coisa pra realizar o sonho de emigrar pros Estados Unidos da América. Enquanto não chega lá, se envolve com mulheres do lado de cá, entre elas Justina (Marília Pêra) que trabalha no aeroporto do Rio de Janeiro, a responsável pela frustração da sua viagem clandestina (?). Ele também vai conhecer outros tipos caricatos como: Fulano da Silva (José Wilker), que agencia mulheres gordas, Amparo (Marta Nieto), uma espanhola, e Betina (Sandra Pêra), a irmã taróloga/moambeira de Justina. Todos sem noção ou importância.

Com sérios problemas técnicos, a “comédia” (drama? romance?) tem um “roteiro” bobo. A “direção” é pífia e a “atuação” seria cômica se não fosse tragicamente uma canastrice sem fim. Até mesmo num concurso de música as coadjuvantes cantam melhor (e mais afinadas) que Marília Pêra (mas perdem). Às vezes dá a impressão de se estar assistindo a um especial televisivo, querendo virar série, com seu visual cafona e antiquado. Tem até uns dois ou três “palavrões” e uma insossa cena de sexo, pra parecer moderninho e menos infantil. Chega ser risível a pretensão de comédia musical, com o requinte de Almodóvar e glamour de antigos filmes norte-americanos. Como se uma personagem que fala espanhol (e teria “ensinado” o rapaz a “cantar” a música italiana Volare) ou Marília Pêra, vestida (fantasiada?) de Louise Brooks ou Gilda, de Rita Hayworth, fosse o suficiente. A superficialidade dos personagens, aliada à falta de ritmo, de texto, de história, de HUMOR, é fatal. Se o caminho escolhido fosse o do escracho, da sátira, talvez o resultado fosse menos desastroso. Vale lembrar que o tom cinematográfico de Almodóvar não se basta na bela cor ou na saborosa língua ou no fumegante conteúdo ou no irretocável elenco, mas na direção.

Por mais que se torça, para que o cinema brasileiro encontre salas de cinema disponíveis (impossível sem uma grande distribuidora e massificação publicitária) e conquiste o seu público, fica difícil apostar neste piegas Embarque Imediato. Não porque, de certa forma, o tema já foi tratado razoavelmente em produções como Terra Estrangeira, de Walter Salles, Os Desafinados, de Walter Lima Jr., e mesmo sugerido em Um Trem Para As Estrelas, de Cacá Diegues. Mas porque o “itinerário” escolhido para o tal Embarque Imediato tem problemas de pista, de teto e principalmente de pouso. Pra este voo, o piloto, realmente, não tirou brevê.

Na revista Ler & Cia, da Livrarias Curitiba, edição 29 (novembro e dezembro de 2009), seção Diretas, com Marília Pêra, tem a seguinte pergunta: L&C: Existe algum grande papel que você ainda sonhe interpretar, no teatro, no cinema ou na tevê? MP: Gostaria de participar de um grande filme em um papel importante, com grande diretor. Então, tá! Acho que não foi dessa vez.

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