quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Crítica: O Último Mestre do Ar


Talvez por puro saudosismo, lembrança da adolescência vivida numa comunidade onde partilhávamos chá de camomila, pão integral com mel e manteiga de missô com tahine..., e buscávamos o equilíbrio das forças elementais: ar, terra, água, fogo e, acreditando que poderíamos dominar os elementos simplesmente vencendo uma ventania ou um terremoto ou uma enchente ou um incêndio, me simpatizei com O Último Mestre do Ar (The Last Airbender, EUA, 2010).


O filme, roteirizado e dirigido por M. Night Shyamalan, baseado na televisiva série animada Avatar: The Last Airbender, criada por Michael Dante DiMartino e Bryan Konietzko, não é nenhuma obra-prima, mas é agradável de se ver. Por desconhecer a série da Nickelodeon, não tive o ranço crítico de ficar comparando personagens, temporadas etc. Acredito que, por isso, curti (de verdade) esta boa história recheada de elementos pertinentes ao estilo oriental dos Contos Maravilhosos. Num tempo em que toneladas de lixo americano trafegam por rios caudalosamente contrários à maré do equilíbrio, na desenfreada busca da mesmice, faz um bem danado apreciar uma antiga mensagem com uma nova roupa.

Acredito que tanto o público infantil quanto os orientalistas se identificarão com a história, simples, que acompanha a evolução de Aang (Noah Ringer), um Avatar, ainda jovem, que por desconhecer o seu potencial (de equilibrar as forças elementais), teme o poder e as responsabilidades que vêm com ele. Compreender a vida é se libertar da morte anunciada, mesmo que não se concretize.  Ao despertar para um mundo em decadente transformação, onde a Nação do Fogo quer reinar sobre a Tribo da Água, o Reino da Terra e os Nômades do Ar, o jovem Aang, além da ajuda dos “Dobradores”, pessoas excepcionais que são capazes de manipular os elementos do seu grupo étnico, vai precisar conhecer a si mesmo, para finalmente ocupar o seu lugar (de fiel da banca) no mundo.


Se a direção de Shyamalan não é das mais memoráveis, também não é esse desastre todo que estão apregoando. Está dentro do razoável, principalmente num ano em que grandes diretores apostaram alto e afundaram com suas “pérolas” douradas. O Último Mestre do Ar tem lá seus excessos, como qualquer produção com o (pecaminoso) propósito de se concluir em três ou mais partes (que nunca esteve tão em voga). Mas os belíssimos efeitos especiais e as notáveis coreografias compensam os possíveis deslizes de um roteiro que, infelizmente, não se bastou num único filme, e até mesmo a “atuação” dos novatos que, por enquanto, não passam de promessas bonitinhas. É uma produção pra se ver sem pressa e em total relaxamento. Pode até faltar umas pitadas de humor (que dizem presente na série animada), mas não lhe falta bela cenografia, mesmo que digital.

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