quinta-feira, 23 de junho de 2011

Crítica: Carros 2


CARROS 2
por Joba Tridente

Para os amantes de corrida automobilística e de filme de espionagem (a toda velocidade), ou tão somente fãs da adorável frota de carros de Radiator Springs, estreia Carros 2 (Cars 2, EUA, 2011), a nova produção da Pixar que vai dar o que falar nesta virada de semestre. E para quem sonha em passar as férias no Hawai, a turma de Toy Story vai mostrar, num curta-metragem, como dá trabalho realizar os desejos de Ken e Barbie.


Carros 2, dirigido por John Lasseter e codirigido por Brad Lewis, é uma animação que chega com todo o gás e sem perder a estabilidade. Desta vez quem esquenta os motores e queima de vez os pneus é Mate (Larry the Cable Guy), o simpático e ingênuo carro-guincho caipira e “mió amigo” de Relâmpago McQueen (Owen Wilson). A largada para a maior aventura da sua vida começa quando ele inscreve McQueen no Gran Prix Mundial, criado por Sir Miles Eixodarroda (Eddie Izzard) para testar o seu biocombustível allinol, e passa a fazer parte da equipe técnica que o acompanhará nos três circuitos: Tóquio (Japão), Porto Corsa (Itália) e Londres (Inglaterra). Todavia, mal bota as rodas em Tóquio (a mais engraçada das três etapas), sem entender bulhufas de japonês e sem saber como se comportar em lugar tão refinado, Mate acaba envolvido numa trama internacional repleta de agentes secretos, como Finn McMíssil (Michael Caine), espiões e bandidos “tranqueiras”, cientista maluco, como Professor Z (Thomas Kretschmann), e um vilão acima de qualquer suspeita, tudo no estilo “007 a serviço de sua majestade britânica”. Porém, a vida do simplório carro-guincho entra em rota de colisão e despenca ladeira abaixo ao conhecer a bela, insinuante e misteriosa Holley Caixadibrita (Emily Mortimer).


Apesar de uma trama já explorada em comédias e dramas hollywoodianos e europeus (gente comum sendo confundida com agente secreto e passando por apuros), Carros 2 tem a sua originalidade e vai divertir muito até mesmo quem nunca viu algum filme do gênero espionagem. A graça do roteiro bem costurado de Ben Queen está na forma como reconta uma velha e boa história, discutindo temas como a busca de combustível alternativo ao petróleo. Segundo Lasseter, fã do seriado de TV The Man from U.N.C.L.E., enquanto desenvolviam uma sequência na qual Relâmpago McQueen iria levar Sally a um cinema drive-in, pensaram que o casal poderia ver um filme de espionagem. Ao trabalhar a ideia, criaram o personagem Finn McMíssil para estrelar este pequeno filme dentro do filme. A sequência mudou e o que era meta virou linguagem e o que era ficção dentro da ficção, virou realidade na ficção. Simples e genial, assim.

Falar da excelência técnica da animação é totalmente dispensável, no entanto é digno de nota o trabalho de campo que serviu de base para as citações socioculturais de cada povo retratado. É inacreditável como as características de asiáticos e europeus são expostas de forma tão simples e tão ricas e o mais importante, sem ofender ou subestimar o espectador. As referências a 007 e a autoridades políticas e religiosas são hilárias, mas é preciso ficar atento, algumas tiradas são muito rápidas.


A narrativa, com boas piadas e sacadas geniais (sobre japoneses, italianos, franceses e britânicos) é cheia de ação e tem um ritmo vertiginoso para agradar mais ao público acima dos dez anos. Se os personagens originais continuam expressivos e carismáticos, os novos não ficam atrás. Mas vale lembrar que muito da empatia ou antipatia aos personagens se deve (também) aos dubladores. Vi a versão original (legendada) e acredito que até quem não se simpatiza com Mate é capaz de rever os seus conceitos após esta nova e divertida aventura. 

2 comentários:

  1. Assistí ao filme.

    O original, quando assistí junto às minhas filhas, foi um primor... eu me ví torcendo pelo Relâmpago e acompanhei a sua transformação de um carro, que apesar do bom coração, tinha o tema competição como norte em sua vida. Transforma-se em um carro que aprende a valorizar aquilo que era mais importante, a honestidade a honradez a amizade e até mesmo o amor, tornando-se quase que uma lição de vida.

    Este Segundo filme, não animou nem a mim ou minhas filhas...claro, um pouco mais crescidas. Vimos os efeitos primorosos da pixar, algumas tiradas cômicas (todas do Matter) mas não conseguí enxergar qual a mensagem, aquela que toca na alma, aquilo que diferencia uma obra prima de um produto de entretenimento.

    Não estaríamos pedindo muito, afinal, a pixar nos deu Formiguinhas, Os incríveis, Toy History, Walle, Procurando Nemo....Carros....

    Claro que nós ficamos felizes em rever tão queridos personagens, contudo acredito que tanto a Disneypixar quanto Jonh Lasseter, poderiam ter tido um pouco mais de sensibilidade e nos contar outra estória. Sabe, igual àquelas que mexem com nossos pensamentos de uma forma tão sutil, que a única forma de expressar tal sentimento seria com aquela solitária lágrima.

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  2. Olá, Anônimo.

    Acho que Lasseter buscou mais o entretenimento do que a mensagem altruísta já trabalhada no primeiro filme. Em vez de se repetir buscou um novo foco e o felizardo foi o carro que roubou muitas cenas na produção original: Mate. Em vez da lágrima optou pelo riso.

    A amizade, a honra e a perseverança continuam lá. É a amizade que une e separa e une Mate e McQueen, antes, durante e depois da competição. É para salvar McQueen que Mate vai até o fim e, se for preciso, é capaz de morrer no lugar dele. Precisa prova maior que essa?

    Lasseter disse que ficou imaginando como um carro, feito Mate, se sairia em um ambiente totalmente diferente, e deu no que deu, muitas e divertidas confusões.

    Carros 2 é um filme mais adulto, inclusive no humor. É bem amarrado e consegue prender a atenção. O espectador tem que ser muito esperto para descobrir quem é o verdadeiro vilão. É claro que, após as primeiras exibições, infelizmente, a surpresa desaparece, na troca de informações entre espectadores.

    O humor da Pixar sempre foi mais sério que o da DreamWorks, que deita e rola nas citações cinematográficas e fez o belo (engraçado e dramático) Kung Fu Panda 2. Carros 2 não é uma obra-prima, como Toy Story 3, mas acho um excelente espetáculo.

    Vamos ver o que Carros 3 nos reserva.

    Abs.

    T+
    Joba

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