quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Crítica: Onde está a Felicidade?



Onde esta a Felicidade? (Brasil-Espanha, 2011), dirigida por Carlos Alberto Riccelli, é mais uma “comédia” brasileira que não deve ter dificuldades em encontrar o seu público alvo, já que ele se encontra abarrotando as salas de cinemas atrás de produções de humor duvidoso.

O argumento nem é dos piores, mas o roteiro óbvio e nada convincente de Bruna Lombardi, com todos os descartáveis clichês da moda: palavrão, escatologia e insinuações sexuais, caminha bambo. Onde está a Felicidade? (na linha moderninho sem maconha) fala de crise no casamento e no trabalho, do mundo masculino e feminino, e da melhor hora de se “autoajudar”. Teodora (Bruna Lombardi) é chef e apresentadora de um programa de receitas afrodísiacas na TV. Após onze anos de felicidade ao lado de Nando (Bruno Garcia), que é comentarista esportivo em outra emissora, ela descobre que o marido tem um caso virtual. Como traição (pouca) via webcam é bobagem, a empresa em que ela trabalha foi vendida para uma igreja e seu programa será cancelado. Duplamente surtada Teo resolve se reencontrar percorrendo o famoso Caminho de Santiago de Compostela. Provisoriamente separada de Nando, ela viaja na companhia de Zeca (Marcello Airoldi), o seu produtor de TV, que quer aproveitar a viagem para escrever um novo programa. Na Espanha eles conhecem a fogosa Milena (Marta Larralde) e, com estes três na estrada, o sagrado caminho jamais será o mesmo, ao menos para eles.


Onde está a Felicidade? apresenta uma narrativa com personagens caricatos vivendo situações absurdamente sem graça. A mais grave é a de uma adolescente chata (12 ou 13 anos) que surge do nada e fica azarando Nando. Ela diz que é a sua maior fã, pede um autógrafo “com amor”, passeia com ele e o cachorro, até que uma noite aparece no seu apartamento, alegando que seus pais viajaram e não tem a chave de casa e nem tem onde ficar. Ou seja, além dos pais distraídos, que viajaram (sem celular), ela só “conhece” o repórter descasado (por quem sente atração) e quer dormir no apartamento do sujeito. Até tiram uma foto para registrar o idílico momento. Acredite se quiser em tamanha inocência! Pouco importa que a trama insista o tempo todo que, desde que a mulher foi embora, o cara (que tem idade para ser o pai da menina) não faz sexo nem com ele mesmo. Por menos, muita gente já foi condenada por pedofilia!


O constrangimento não para por aí. A “cena” da Companhia Aérea, cujo nome é (isso mesmo!) K.Air e a atendente é gaga ou sofre de alguma deficiência mental, é deprimente. Enfim, sequências (politicamente incorretas) no Brasil e na Espanha, é o que não faltam para satisfazer o espectador “mais exigente” que ri de qualquer coisa, desde que de baixo calão. Na tal retomada do cinema brasileiro, onde “aquele” patrocínio garante a subida ou a descida na bilheteria, esta “comédia” (pretensamente almodovariana) fica entre as produções insossas e as novas pornochanchadas (que o público está adorando) produzidas pela XXXXX Filmes. Onde está a Felicidade? tem belos cenários, cores fortes, boa direção de arte, animação divertida, e, apesar das pornogags e da direção claudicante, um elenco esforçado que não tem culpa dos diálogos toscos e muito menos do edificante final pra lá de Bagdá (Ôps!). Ou seria pra lá do Piauí? 

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