sábado, 22 de outubro de 2011

Crítica: Contra o Tempo


Filmes que tratam de viagem no tempo não são novidade e poucos fazem a diferença. Contra o Tempo (Source Code, EUA, 2011), a nova ficção científica do diretor Duncan Jones, tem uma boa produção, mas é difícil não relacioná-lo, entre outros, ao Déjà Vu (2006), filme de Tony Scott. Ambos têm terrorista (a ser detido), uma mulher (por quem o protagonista se apaixona), mensagens (tipo: estive aqui), um “herói cobaia”, indo e voltando no tempo, através de experimentos de alta tecnologia militar, tentando evitar a tragédia num navio (antes) e num trem (agora). 

Duncan estreou muito bem com o ótimo Lunar (Moon, 2009), que infelizmente não fez carreira nos cinemas brasileiros, saiu apenas em DVD, mas este seu Contra o Tempo parece meio apressado. O roteiro de Ben Ripley narra as desventuras do capitão Colter Stevens (Jake Gyllenhaal) que, em nome da pátria, do governo e do militarismo, se vê obrigado a viajar no tempo para evitar um atentado terrorista. Para descobrir o responsável e evitar a tragédia, Stevens assume o corpo físico de um estranho e tem apenas (alguns) oito minutos para salvar vidas e (ainda) se rebelar e se apaixonar.


Contra o Tempo é um filme de ação e tensão contínuas que explora de forma interessante os mistérios da (vida e) morte cerebral, sem se preocupar com a anima. O bom da ficção científica é que, no campo da imaginação, tudo é possível e não há muito o que se questionar. Aceita-se ou não e ponto. Também porque, se começar a pensar muito a respeito, vai ter gente mergulhando no buraco de minhoca, subindo a escada transversal, apossando a mecânica quântica, para explicar todo e qualquer pré e pós conceito científico. O que dá assunto para muita discussão e filosofia de botequim, como foi o caso de Matrix.

Toda ficção que tematiza a viagem no tempo sabe o imbróglio em que se meteu e as consequências futuras, para o bem e ou para o mal. Em Contra o Tempo não é diferente e o seu final (piegas) talvez não agrade a todos. Para o espectador não acostumado aos filmes do gênero pode parecer curioso, em vez de cansativo, as mirabolantes idas e vindas de Colter, em busca do terrorista, em meio aos passageiros do trem, que nem imaginam quantas vezes seus desígnios ser repetirão. Uma situação já explorada exaustivamente em diversas séries televisivas americanas (até mesmo na divertida Supernatural), mas que ainda funciona, quando bem dirigida.


Contra o Tempo é um bom trabalho de Duncan Jones, mas não tem a mesma ousadia do excelente Lunar. Mesmo sendo mais comercial, demorou tanto para ser lançado por aqui que se acreditava sair, também, apenas em DVD. O filme tem dividido opiniões do público e da crítica, mas não há como negar que o jovem diretor, se não se deixar domar por Hollywood, tem um belo futuro.

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