quarta-feira, 16 de maio de 2012

Crítica: Conspiração Americana



O que a grande maioria sabe sobre Abraham Lincoln é que, na noite de 14 de abril de 1865, enquanto ele assistia à peça Our American Cousin, no Teatro Ford, em Washington, o ator John Wilkes Booth, entrou no seu camarote, e atirou à queima-roupa. Depois, saltou para o palco, gritou: Sic semper tyrannis! (algo como: Assim sempre - acontece - aos tiranos!), e sumiu no tumulto. Lincoln morreu na manhã seguinte em decorrência do tiro na nuca. Booth fugiu e foi morto 12 dias depois.

Em 2010 Robert Redford filmou Conspiração Americana (The Conspirador, 2010, EUA), que estreou nos Estados Unidos da América em 15 de Abril de 2011 (of course!). Um ano depois (e após o lançamento em DVD e Blu-ray), ele estreia por aqui. Apesar do título, o drama não se ocupa em desvelar fatos relevantes ao obscuro assassinato do presidente norte-americano e ou sobre a conspiração (?) que, a se acreditar no roteiro raso (e confuso) de James Solomon e Gregory Bernstein, assim como o veredicto do tribunal militar, seria motivada por vingança. Um ato que o Tio Sam e seus sobrinhos estadunidenses entendem (e degustam) muito bem!


Curioso, mas superficial, Conspiração Americana trata especificamente do julgamento sumário de Mary Surratt (Robin Wright), dona de uma pensão onde teria se reunido o grupo do confederado John Wilkes Booth (Toby Kebell), que tramou o sequestro e posteriormente o assassinato de Lincoln. A curiosidade, no caso, vem da hipocrisia dos “representantes” do poder judiciário, escancarada pelo recém-herói da Guerra de Secessão e relutante advogado Frederick Aiken (James McAvoy), que se vê obrigado a defender a civil (Mary) diante de uma junta militar que já tem o veredicto. Como (historicamente) pouco se sabe sobre os outros assassinos do presidente norte-americano, aqui também não fica claro a participação de Surratt. O que reforça a ideia de que Redford está mais interessado na reação da lei ao ato terrorista (?) do que na ação criminosa.

Há quem diga que, nas entrelinhas, Redford está falando do 11 de Setembro, de Bush e de Guantánamo. Pode ser que sim. Pode ser que não. Afinal, no campo das artes cada espectador apreende o que quiser, uma vez que, dependendo do processo da informação, um “motivo” é (tão somente) o que é ou não. Simples, uns viajam no açúcar e outros no tabaco! Metáforas à parte, Conspiração Americana é um drama de tribunal que se desenvolve lento, com flashbacks redundantes. O excelente elenco é esforçado, mas os personagens (mal resolvidos?) não cativam. Nem mesmo o (razoável) embate sobre Direito Constitucional empolga ou tapa os buracos (falta de assunto) do enredo pouco inspirado. Depois de certo tempo a discussão (penal) que não é obvia, é puro clichê.

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