quarta-feira, 6 de março de 2013

Crítica: Amigos Inseparáveis



Hollywood arrota trocentos filmes policialescos (com variações mínimas) por ano. A maioria é protagonizada por atores jovens, certa de arrebanhar o espectador juvenil adrenalinado que não se importa muito com a “história”, desde que o clichê de sempre (tiroteio, pancadaria, carros e piadas escatológicas obsoletas) faça jus ao valor do ingresso. Se bem que, quem gosta de ver mais do mesmo não está nem aí para o custo dos ingressos, principalmente se o seu pancadator preferido estiver na telona. Todavia, como nem só de público jovem vive o cinema, vez por outra, Hollywood arrisca no gênero com atores mais (e mais e mais) velhos. Ora, por que não? Tem gente da terceira e da quarta idade que (ainda) gosta de ver thriller policial..., ou algo parecido! A questão é que nem sempre o tiro acerta o alvo e acaba sobrando para a culatra da cadeira ou para a bengala.

Amigos Inseparáveis (Stand Up Guys, EUA, 2012) é um típico drama de ação tardia, cujo título, independente da sinopse, entrega o final (clichê!). A trama se passa em 24 horas, numa cidade norte-americana qualquer, e gira em torno do reencontro de três velhos amigos velhos (septuagenários!), criminosos mais ou menos aposentados, que apostam num sopro bandido para espalhar as cinzas e reacender a brasa (mora!). A história começa com Doc (Christopher Walken), um artista plástico que pinta belas cenas do amanhecer, indo buscar o seu amigo Val (Al Pacino), que acabou de cumprir uma pena de 28 anos de prisão.

Não é só por amizade que Doc vai ao encontro de Val. Ele tem uma “dívida” com o mafioso Claphands (Mark Margolis), e o amigo que acabou de ganhar a liberdade é a quitação do seu débito, já que o vingativo chefão o quer morto. Val sabe disso e Doc sabe que Val sabe. Porém, enquanto a hora fatídica não chega, os dois perambulam pela cidade, trocando confidências e usufruindo de “pequenos prazeres”: comida, sexo, roubo, droga, dança..., até encontrar Hirsch (Alan Arkin), o outro amigo de crimes, e a história ganhar contornos ainda mais absurdos.


Amigos Inseparáveis não tem nenhum apelo para o público jovem e, vale lembrar ao público idoso que, para evitar constrangimentos (?) maiores, as cenas de sexo são apenas insinuadas. Que dera as intragáveis e ridículas piadas falológicas (sem graça!) também o fossem. Enfim, como argumento ruim e roteiro pior (de Noah Haidle) só encontram salvação na direção de um mestre..., o que não é o caso do vacilante Fisher Stevens, o filme chocho, na aventura, no humor e na ação geriátricas, capenga, de sequência em sequência, rumo a um final digno de UTI de lavagem cerebral. Não é recomendável levar o Tico e o Teco para a sessão! Pode dar tilt.

Walken, Pacino e Arkin, no automático (ou seria no eletrônico?), apenas garantindo um troquinho, brincando de bandido e bandido, estão constrangedores. O embaraço de ver Val/Pacino fazendo a releitura da famosa cena do tango em Perfume de Mulher (1992) e ou do moribundo Hirsch/Arkin na finalização de um ménage à trois, não tem preço! A narrativa, que parece ter sido fotografada por uma câmera oculta, editada a bisturi, por alguém apressado em “desentulhar” o estúdio para os novos desenganados da ilha, corta a seco qualquer empatia possível entre personagens enfadonhos e o público sonolento. É eles lá zumbizando na própria estupidez e o espectador teimoso contando os minutos para ver até onde vai o terrível enquadramento de tanta bizarrice.

Para encurtar, Amigos Inseparáveis é um filme para quem pensa em um dia variar (não arriscar!) entre o refri e o whisky..., o ice fica por conta de cada um.

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