Houve um tempo em que filmes direcionados ao
público infantil, principalmente animações, eram lançados, preferencialmente,
nas férias. Neste atípico 2013 tem chegado, às salas de cinema, ao menos um
desenho por mês (*). O de setembro é Aviões,
alçando voo diretamente do “mundo de Carros”. Ou mais ou menos, já que
não é exatamente uma produção Pixar,
mas um, digamos, similar meio genérico, do Estúdio
Disneytoons que, por sua vez, é uma divisão do Estúdio Walt Disney Animation. Ou seja, em família, pero no mucho.
Aviões (Planes, EUA, 2013), dirigido por Klay Hall, voa entorno de Dusty, um pulverizador de defensivos agrícolas,
gente boa, digo, aeronave boa, que sonha em se tornar um grande “piloto” de
competição aérea..., mesmo não tendo sido criado para isso. Assim como Turbo,
o caracol que (em animação recente) se tornou um az das pistas de corrida, Dusty, o avião caipira que tem medo de
altura, costuma sonhar alto e não desiste da ideia de participar de uma
competição profissional e se tornar um az do céu. Não é preciso de spoiler para saber como vai bater asas essa
trama de aventura e ação!
Todo o universo automatizado da franquia Carros está reciclado em Aviões. Qualquer espectador vai
reconhecer a turma do orgulhoso Relâmpago
McQueen na turma do determinado Crophopper
Dusty e se familiarizar com o inocente caminhão tanque: Chug; a confiante empilhadeira: Dottie; o misterioso: Skipper; o arrogante campeão: Ripslinger; o romântico conquistador El Chupacabra (o que há de melhor na fita!)
etc. Uma repetição de personalidades (caricatas) que torna a história ainda
mais redundante e bem menos reluzente.
Apesar da simpatia de alguns personagens, Aviões é uma animação que voa às cegas,
em meio a turbulências do limitado roteiro de Jeffrey M. Howard, que não define
a faixa etária do aeroporto em que deseja pousar. Nesse voo rasante, quicando
aqui e acolá, o humor hilário acabou extraviado e o que ficou na bagagem de mão
não é suficiente para fazer gargalhar.
No saguão é até possível resgatar alguns
gracejos culturais: avião britânico e seu chá; tratores-bois indianos. Ou aproveitar
o tempo de espera para admirar algumas belas sequências, como a do voo de
planadores brancos, feito garças rumando ao Taj Mahal; dos balões vaga-lumes; ou
da tempestade em alto mar. Mas é preciso estar atento ao painel, já que são
pontuações breves. Muito breves!
Pensado, a princípio, para a televisão e
lançamento direto em DVD, Aviões, é
mais do mesmo já visto e revisto em outras animações (inclusive) de outros
estúdios e outras ficções protagonizadas por “gente” de carne e osso. Nem na TV
seria original, já que há um bocado de animações onde barcos, trens, caminhões falam
e alguns até interagem com humanos. Para (ao menos) parecer original, não basta
que um carro “vire” um avião, mas que a sua (batida) história de superação seja
realmente diferente..., se é que é possível reinventar o assunto superação.
Em todo universo paralelo que se preze há espaço
para todo tipo de vida que se imagina. No de Carros, a Terra é o habitat
de máquinas com características (sociais, políticas, esportivas, sexuais) humanas.
Para um espectador adulto, um planeta tomado por seres automatizados, que agem
tal e qual os humanos, pode parecer bizarro, mas, para uma criança, a
imaginação não tem limites. Será? Há controvérsia.
Apesar de descartável, o previsível Aviões deve encontrar seu público
aeronauta no campo dos meninos (de 6 aos 10 anos) e dos aeromodelistas (de
todas as idades).
(*) Janeiro: Detona
Ralph e Sammy
- A Grande Fuga; Fevereiro: As
Aventuras de Tadeo e O
Reino Gelado; Março: Os
Croods - Uma Aventura das Cavernas; Maio: Reino
Escondido e A
Fuga do Planeta Terra; Junho: Universidade
Monstros e Meu
Malvado Favorito 2; Julho: Turbo;
Setembro: Aviões.
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