quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Crítica: O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos


Toda história, por mais longa que seja, um dia acaba, para que outra comece. E não poderia ser diferente com O Hobbit, de J.R.R. Tolkien, na versão cinematográfica, estendida em três partes, de Peter Jackson.

O desfecho de O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos (The Hobbit: The Battle of the Five Armies, 2014), dirigido Peter Jackson, começa espetacular, com Smaug (voz de Benedict Cumberbatch) destilando toda a sua ira contra a Cidade do Lago e o arqueiro Bard (Luke Evans) em seu encalço. Um início promissor que funciona tanto como prólogo, a este terceiro capítulo, quanto como epílogo ao O Hobbit: A Desolação de Smaug (2013). Já a trama que o segue é, digamos, morna.


Seria o resfriamento culpa do “talvez” e do “e se”? Talvez se a adaptação tivesse se bastado em duas partes, como propôs o roteirista Gilhermo del Toro. E se a fascinante história de Smaug estivesse inteira em apenas um e não repartida em dois episódios? E ou seria porque a gente ficou tão mal-acostumado com os envolventes capítulos anteriores, com aquele gostinho de quero mais, que nem se deu conta de que não havia muito mais a ser contado após o despertar do irado dragão?


O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos é um final alonnngaaado da saga que começou cheia de gás em 2012 e chegou sem muita novidade (e fôlego) em 2014. Neste arremate, resolvida a questão de Smaug, o foco é a conturbada negociação com Thorin Escudo de Carvalho (Richard Armitage), pela partilha do tesouro guardado nas ruínas do Reino de Erebor, onde se encontram “perdidas” relíquias preciosas aos anões e aos elfos..., e, paralelamente, a ocupação da Montanha Solitária, que desencadeia a sangrenta batalha inter-racial envolvendo anões, homens elfos, orcs, águias e uma série de seres bizarros..., até um famoso verme da terra (já visto em outras ficções) aparece para dar um alô.


Neste finalmente, onde todos os personagens se estranham e ou se decepcionam, quem se destaca é Thorin (Armitage, ótimo), tomado pela febre do ouro (ambicionado por todas as raças) e pela dúvida de traição entre seus “iguais”. Consistente, o drama de Thorin acaba sombreando inclusive o sofrimento de Bard (Evan), que busca um lugar seguro para os sobreviventes da Cidade do Lago. Ao hobbit Bilbo Bolseiro (Martin Freeman) cabe um papel de apoio de pouco mais que um coadjuvante.

Ainda que irregular, meio arrastado, confuso (às vezes) no campo de batalha (quem é contra quem, mesmo?), com pontas que ficaram esvoaçantes..., O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos diverte (mas sem empolgar!) nas sequências (game) de guerra com seus exércitos bizarros (em CGI!). Tem hora que os efeitos gráficos são tantos que parece que a gente está assistindo a uma animação. Bem, algum espectador mais distraído talvez ria com as gags do "alívio cômico" Alfrid (Ryan Gage), personagem chatíssimo, sem a menor graça, que está em cena só pra tapar buraco e aumentar a metragem.


Enfim, não há muito mais a dizer, já que a narrativa faz jus ao título, todavia, vai lá: com uma pieguice amorosa aqui e uma lição de moral (ouro e família não combinam!) acolá, este último capítulo não chega a ser um épico de ouro, mas, pelo conjunto, catapultado pelo excelente prólogo, fica entre a prata e o bronze.

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